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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Artigo sobre a Impressora Pontagrossense

Da Impressora Pontagrossense pouca coisa foi preservada um balanço realizado 30 de dezembro de 1950, um exemplar do Jornal da Manhã de Ponta Grossa, em sua edição de 25 de janeiro de 1964, um exemplar da Revista Operária de Ponta Grossa do dia 30 de novembro de 1929, uma lista de preços do antigo estabelecimento gráfico Express e um exemplar da revista Vida Princesina de novembro-dezembro de 1952.

O artigo da Revista Princesina tem como título “Raiscosk e Traple” e inicia assim:
Tivemos o agradável ensejo em visitarmos nesta cidade a conceituada e acreditada firma Raicosk e Traple, da qual são componentes os nossos prezados patrícios senhores, Miguel Raicosk e Guilherme Traple, autêntico vanguardeiros no comércio tipográfico na Princesa do Campos. Teve o seu marco inicial em 28 de agosto de 1929, quando um grupo de profissionais resolveu criar nesta cidade, em modesta tenda, uma oficina tipográfica que pelo labor continuo de seus componentes, chegou a suprir em grande parte a necessidade dos nossos meios comerciais, avançando sempre para a senda do progresso, pois cada ano que transcorria mais se avolumava seu capital, seus maquinários, acompanhando em cada fase a evolução natural do ciclo artísticos das composições e o perfeito acabamento das encomendas que lhes foram confiadas”.
 
E no segundo parágrafo: 
Hoje, do remanescentes daquele pugilo de denodados trabalhadores avulta a figura laboriosa de Migual Rascoski Sobrinho, que em 1940 prevendo as necessidades do meio, o progresso de nossa terra, sentiu a necessidade de melhor ampliar o seu comércio se aliando sem sociedade ao profundo conhecedor do “metier” Sr. Guilherme Traple, verdadeiro artista do ramo, criação da Impressora Pontagrossense, firma esta de elavado crédito, que gira com um capital equivalente a mais de 2 milhões de cruzeiros.”
 
Depois de enumerar a produção tipográfica da Impressora Pontagrossense o artigo prossegue abordando a figura de Guilherme Traple que “como acima dissemos é um artista na verdadeira concepção da palavra, pois à sua pessoa está confiada a secção de litografia que produz com rara perfeição todo  serviço no gênero, em cores variadas, desenhos artísticos para cartazes, rótulos em geral, materiais para propaganda, etc.
 
Alusões ao parque gráfico: 
ainda recentemente foi adquirido, sob importação alemã, uma autêntica “ORIGINAL HEIDELBERG”, máquina automática que imprime um mínimo de 5 mil exemplares. Outra conquista de vulto consiste na compra recentíssima de uma rotativa para impressão, com tinta de anilina e clichês de borracha, com rebobinador, cortador de folhas, cortador longitudinal e transversal, em 3 cores, o que vem concorrer para a presteza e perfeição absoluta no concernente aos pedidos ou encomendas que esta firma vem atendendo, não só do nosso estado, mas também e todos os recantos do país. Outra secção digna de citação é a de fabrico de caixas em geral, para calçados, bombons, erva-mate, etc.
  
Os senhores Raicosky e Traple, cavalheiros de fino trato, mantém sob sua orientação nada menos de 50 operários, hábeis e capacitados, que são verdadeiros amigos de seus chefes, pois trabalham em ambientes sadios, com horas de trabalho pautadas dentro do que determinam as Leis Trabalhistas, descanso, remunerações, etc., estando todos satisfeitos em ambientes onde o trabalho se casa perfeitamente com o sentido de estar de produtividade.” 

Acompanham o artigo, fotos de seus fundadores, de maquinário e outra, do mostruário “da bem aparelhada organização Impressora Paranaense” na Exposição Industrial de Ponta Grossa em 19 de setembro de 1951 na qual a firma de Raicosk e Traple obteve diploma e medalha de ouro.
 
O jornal da manhã, de 25 de janeiro de 1964 sob o título “chlicherie-Notável Empreendimento Enriquecerá Parque Industrial de Ponta Grossa”, inicia com uma declaração de Miguel Raicosk: Há um longo tempo vimos estudando um esquema de ampliação dos meios de produção com a aquisição de equipamentos especializados, com recursos próprios, visto que, apesar dos esforços, não conseguimos com os órgãos oficiais um financiamento mínimo para dotar Ponta Grossa de moderna clicherie, conjuntamente com aquisição e montagem de uma máquina de impressão Offset, que achamos de adquirir e a qual possibilitará a execução de trabalhos gráficos poli crômicos de propaganda ou cartonagem. ”
 
Pouquíssimo material confeccionado pela Impressora Pontagrossense foi preservado. Quando o estabelecimento deixou de funcionar os “velhos papéis foram sendo postos fora, para não tomar lugar.” Uma semana antes de dar seu depoimento a Casa Romário Martins uma enorme caixa de velhos impressos, rótulos e embalagens foram queimadas. Por ocasião do nosso primeiro contato, foi “localizada” uma caixa de sapato que acidentalmente escapara da queimada. Nela coletamos alguns rótulos da Impressora Pontagrossense, que agora são mostrados na exposição, e também rótulos confeccionados por outras litografias que haviam sido levados à Impressora para serem reimpressos.

Nota: 
Este texto não tem a assinatura da autoria, porém imagina-se que tenha sido parte da pesquisa realizada em 1975 por Rosirene Gemael.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Boletim informativo n.º 15 Casa Romário Martins, Schroeder e Kirstein, Rótulos e Embalagens Antigas – Litografia.

Notas sobre o texto:

O Boletim informativo nº 15 da Casa Romário Martins é uma das referências mais citadas  nos estudos da história das artes gráficas no Paraná, direta ou indiretamente.


Seu texto foi produzido com base em uma longa lista de contatos e entrevistas realizadas pela equipe da Casa Romário Martins durante a década de 1970, mas especificamente entre os anos de 1974-1975, e grande parte do acervo visual de rótulos da Casa da Memória de Curitiba pode ser creditado a este trabalho. Infelizmente grande parte dos contatos foram/estão perdidos.


Sabe-se da existência de 12 entrevistas que deram origem a este material, porém algumas ainda estão "perdidas". Neste espaço disponibilizei algumas entrevistas já digitalizadas e que espero, de algum maneira, possa contribuir para esta história ainda bastante incompleta. 

Outro estudo muito consultado, é o livro: História das Artes Gráficas em Curitiba, de Newton Carneiro, editado em 1975, com impressão pela editora Paiol em 1976. Mesmo no livro não contanto com as referências completas, ao menos na versão que consultei, acredito que estas obras estão conectadas, pois as referências de datas, locais, nomes e pessoas, "casam" perfeitamente com o que está disponibilizado nas entrevistas sobre a litografia.

Abaixo o texto do Boletim Informativo, o original está para consulta na Casa da Memória de Curitiba da Fundação Cultural de Curitiba com agendamento de horário. Os sublinhados são meus.

Boletim informativo n.º 15 Casa Romário Martins, outubro de 1975
Schroeder e Kirstein, Rótulos e Embalagens Antigas – Litografia.


O contrato social entre Schroeder e Kirstein nunca chegou a ser renovado. Ao contrário, a sociedade foi desfeita a 15 de setembro de 1924 e dela os sócios saíram apenas com o capital inicial, "sem lucros por não os haverli. Acontece, diz Thedoro, que o Fontana insistiu muito para que os dois alemães desfizessem a sociedade e abrissem outra com ele. No começo meu pai não queria, mas a insistência foi tão grande que ele e o Kirsteín acabaram concordando, e participaram na fundação da Sociedade Metalgráfica". 

Leonardo Bom dá sua versão: "os dois alemães sabiam de tudo. Começaram com uma pequena litografia na Mateus Leme onde o Leão e o Fontana mandavam confeccionar parte de seus rótulos. Como os alemães conheciam muito bem a técnica, inclusive da decalcomania mas não tinham capital necessário, se associaram ao Fontana e ao Leão e acabaram fechando eu próprio estabelecimento". Falando sobre criação da Sociedade Metalgráfica, diz Cesar Junior: “peio que eu ouvi contar tenho a impressão que o senhor Francisco Fido Fontana conheceu os dois alemães, Schroeder e Kirstein, gostou muito do trabalho deles e teve a idéia de montar uma firma, abrindo sociedade com os principais clientes dos produtos que esta firma iria produzir. Então foi formada a Sociedade Metalgráfica incluindo os dois alemães para suprir os demais sócios não só de rotulagem mas também embalagens. Contudo, o principal motivo da criação da Metalgráfica foi mesmo o ramo da decalcomania". 

Com efeito, a Junta Comercial do Paraná registrou no dia 7 de agosto de 1924 a "criação da Sociedade Metalgráfica, para indústria e comércio de estamparia litografia, tipografia, fabricação de latas e outros”.

Segundo o documento tratava-se de urna sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, que entrou em operação no dia 15 de agosto de 1924. O capita era de 200.000$000 divididos em quarenta cotas iguais de cinco contos de réis da seguinte forma: Francisco Fontana - 19, Gabriel Leão Veiga - 6, Alexandre Schroeder - 4, Germano Kirstein - 4, Agostinho Ermelino de Leão - 2, Guilherme Whiters Junior - 2, Leocadio Souza - 2 e Percy VVhiters - 1. 

A cláusula quinta do contrato previa: "durante a vigência deste contrato, os sócios Alexandre Schroeder e Germano Kirstein não poderão empregar a sua atividade fora dos negócios da sociedade. E a sexta cláusula determinava: "a gerência da sociedade caberá ao sócio que for designado pelos demais, contando-se para tal escolha a razão de um voto por quota, ficando-lhe reservado o uso exclusivo da firma bem como a delegação de poderes". E a sétima cláusula: "o sócio que tiver a gerência retirará mensalmente a quantia de 1.000$000 (um conto de reis) e os sócios Alexandre Schroeder e Germano Kirstein retirarão cada um 600$000 mensais". E a décima cláusula finalizava: “as dúvidas que suscitarem na interpretação das cláusulas deste contrato, ou as divergências sobre os actos da Administração serão resolvidos pela maioria dos sócios e, só no caso destes não chegarem a acordo, será escolhido um árbitro que decidirá sem recursos".

Enquanto trabalhou na Sociedade Metalgráfica, Alexandre Schroeder participou da confecção em escala industrial das decalcomanias que eram vendidas em todo o Brasil e sempre ocupou o cargo de primeiro desenhista, desenhando diretamente nas pedras, gravando nelas, e exercendo uma atividade essencialmente de criação. Deste período, no entanto, Theodoro lembra de pouca coisa; "porque papai quase não falava de serviço em casa. Só sei que morávamos em cima da fábrica, no sobrado da Metalgráfica defronte o Passeio Público. Todas as tardes minha mãe fazia café e me mandava chamar papai e eu entrava na fábrica dizendo: "papa, cafee trinken. Por causa disto o Constante Moro que trabalhava junto com meu pai me apelidou de "cafestrinque".

Uma tênue referência ao trabalho de Schroeder e Kirstein aparece no jornal O Estado do Paraná, sob o título, "118 anos de Trabalho pela Economia do Paraná": "As Fábricas Fontanas se especializaram em dois ramos distintos de atividades: uma seção destinada à industrialização e ao beneficiamento do mate, e outra de litografia, originária das necessidades decorrentes da apresentação de produto, confeccionando as embalagens, estampadas e criando uma nova e importante atividade industrial em nosso Estado. Nesta última secção, com o auxílio de TÉCNICOS ALEMÃES, as Fábricas Fontana S/A tornaram-se as pioneiras de uma indústria inédita no Brasil: a fabricação de decalcomania ...." 

Rodolfo Doubek que participa na exposição, “Rótulos e Embalagens Antigas-Litografia", com a coleção de trabalhos criados por ele na Sociedade Metalgráfica sabe pouco sobre o trabalho do Schroeder: "meu setor na Metalgráfica era desenho sobre pedra e mais tarde sobre zinco. Com o falecimento de Schroeder que era um dos chefes da firma, assumi seu lugar de primeiro desenhista. Este trabalho consistia em criar o croqui de um rótulo".

Doubek conviveu pouco tempo com Schroeder mas mesmo assim opina sobre o seu trabalho: "para a época o trabalho de Schroeder era muito bom. E foi ele, juntamente com Kirstein que introduziram a decalcomania no Brasil".

Doubek não confirma as ligações de Schroeder com o pessoal técnico da Alemanha: “eu não eles tinham um amigo que soprava as novidades da Alemanha eu não posso afirmar; só sei que fazíamos na Sociedade coisas que só mais tarde foram feitas em outras litografias. Um exemplo eram os cartazes em relevo". Doubek como outros litógrafos citam o nome de Constante Moro como a pessoa mais indicada para falar em Schroeder. Acontece, porém, que ele convalesce de uma delicada intervenção cirúrgica e não pode atender a solicitação da Casa Romário Martins. 

Mas o jornal Dass Kompass, editado pela colônia alemã em Curitiba, mostra a participação dos dois alemães nos trabalhos da Sociedade Metalgráfica, com várias referências, Inicia por dizer: "situada na Avenida João Gualberto nº 9, acha-se um estabelecimento industrial que, no seu ramo, pode ser considerado de primeira classe. Trata-se da Sociedade Metalgráfica Ltda, com sua fábrica de embalagens de folhas de flanders, litografia e impressão sobre flanders, conduzida pelos senhores Alexandre Schroeder e Germano Kirstein.” E mais adiante: "a indústria tem no senhor Schroeder um litógrafo de grande habilidade. Todos os trabalhos por ele executados, sejam eles de grande ou de pequeno porte, trazem as marcas do bom gosto, na escolha das cores e da execução limpa e meticulosa que revelam o artista que ele é. Não é preciso ver mais do que os lindos quadrinhos por ele executados que enfeitam xícaras e canecos e que são a alegria das crianças, e suas concepções para a decoração das latas que se destinam a receber manteiga, conserva peixe, graxa para sapatos, etc., todas elas prova de alto nível artístico. Os trabalhos de impressão são feitos em máquina moderna Importada da Alemanha, constam, desde os mais simples, até aos multicoloridos. Além da impressão sobre folhas de flanders a firma se encarrega de qualquer tipo de litografia. Esta parte dos, trabalhos está a cargo do senhor Germano Kirstein, um profissional excelente, que tem a habilidade de reproduzir fielmente  o que a pena do seu amigo e companheiro criou". O artigo finaliza assim: "enche-nos de justificado orgulho o fato de serem alemães os homens responsáveis por este trabalho, e é razão de alegria fato de estar sendo recompensado com o devido reconhecimento e sucesso no setor prático.”

Segundo registro na Junta Comercial do Paraná, o contrato inicial da Sociedade Metalgráfica sofreu uma de suas enumeras modificações no dia 28 do de julho de 1934 quando, "Francisco Fido Fontana, Gabriel Leão Veiga, Agostinho Ermelino de Leão, Guilherme Whiters, Alexandre Schroeder e Germano Kirstein resolveram, de comum acordo, fazer nova alteração da seguinte forma: I- O quotista Alexandre Schroeder retira-se da Sociedade, transferindo as suas quotas total de 25:000$000 ao quotista Francisco Fito Fontana.” 

Neste dia, dois quesitos do contrato seriam também modificadas: ele deixava de ser válido por 10 anos passando a tempo indeterminado e a cláusula quinta, que determinava a exclusividade de trabalho dos técnicos alemães na Sociedade era abolida. Theodoro Schroeder fala na saída de pai da sociedade. "ele não chegou a cumprir os dez anos de contrata porque pegou uma pneumonia que complicou. Logo depois morreu e mamãe ficou sem nada." 

Theodoro e Lili lembram que o final de seu pai foi bastante triste: "ele quase não falava em problemas de trabalho na nossa frente, mas, várias vezes o ouvimos chorar para a mamãe. Ele teve muita mágoa, e não nos aconselhava a trabalhar no mesmo ramo que ele. Nos últimos dias, já quase sem poder andar, trancou-se no paiol no fundo de casa e dedicou-se a gravar em vidros com diamante, e bem no finzinno não podia mais nem desenhar...."

PASSAPORTE
Primeira página
Reinado da Prússia.
Registro nº 16
Válido até 16 de abril de 1904
para: O litógrafo Alexander Otto Theodor Schroeder
De: Quaryschen
Segunda página - Para: Brasil
Konigsberg, Neumark
17 de abril de 1903
Magistrado Real da Prússia.
Terceira página - Descrição do Portador data de nascimento: 16 de dezembro de 1869
estatura: pequena
cabelos: louro escuro
olhos: cinza escuro
outras características: anda de bengalas

Este passaporte, meia dúzia de fotografias, quatro cartas de recomendação de litografias alemães, dois croquis de rótulos, dois retratos a crayon, um livro alemão com modelos da arte "de gravar em pedra", recortes do jornal Dass Kompass, modelos, e um impresso comunicando o falecimento, é tudo o que os filhos tem ainda hoje de Alexandre Schroeder.


Segundo Theodoro Schroeder, filho mais velho, seu pai veio ao Brasil antes de 1910 com cerca de quarenta anos de idade, parando inicialmente na cidade de Rio Grande no Rio Grande do Sul onde trabalhou alguns mêses na litografia de um alemão. Lá teve notícias de Curitiba e devido a problemas de saude optou pelo clima daqui. 


Morou inicialmente na rua Coronel Dulcídio, onde uma senhora alugava quartos e logo em seguida começou a fazer refeições na rua Comendador Araujo, onde hoje é o Instituto de Identificação. "Era a casa da minha avó, onde papai conheceu, começou a namorar minha mãe, e logo se casou. Como a vida fosse difícil, depois do terceiro filho, seguindo exemplo da minha avó que foi uma das primeiras parteiras diplomadas de Curitiba, mamãe aprendeu este ofício para ajudar nas despesas de casa".

Da figura do pai, Theodoro e Lili tem lembranças claras: era pequeno, bigode tratados, manco, sempre de bengala e um lápis na mão, quase um dedo adicional com o qual estava sempre fazendo palavras cruzadas e desenhando: uma figurinha para alegrar as crianças, o retrato dos filhos ou da esposa numa pose engraçada, paisagens. "Uma ocasião, chegou a desenhar uma série de anõezinhos, cada quadro o anão em posição um pouco diferente, como se fosse um desenho animado. Ele chegou inclusive a fazer dois quadros humorísticos para um bilhar da rua XV de Novembro. Os quadros eram grandes e um deles mostrava o jogador enchendo um pneu de automóvel em cima da mesa, como se estivesse com o taco pronto para uma jogada". 

Segundo os filhos, Schroeder dedicava-se também a fotografia, e "adorava ele mesmo revela-las em casa onde tinha um laboratório. Bem falante, recebia muitos amigos principalmente o Guido Straube e Mário de Barros". Do Schroeder profissional os filhos lembram muito pouco: "papai era prussíano, certos assuntos crianças não deviam ouvir." Em seu depoimento Theodoro faz questão de lembrar a figura de outro alemão, Germano Kirstein nome associado ao de seu pai em vários depoimentos: "O Kirstein chegou ao Brasil mais tarde. Passou por Ponta Grossa mas acabou se fixando em Curitiba. Veio muito pobre, mal sabia falar o português e nos primeiros tempos morava nos fundos de nossa casa".

Na verdade sobrou muito pouco da imagem de Kirstein, pois todos as seus descendentes já faleceram. Sua família "foi perseguida pelo destino” segundo vários depoimentos que concordam com Doubek: “Ele teve dois filhos, ginastas de primeira ordem, pois um deles morreu afogado e outro em decorrência de uma operação". Depois resolveu adotar uma filha que acabou se suicidando, Segundo Theodoro, a viúva de Kirstein no final da vida, ficou bastante descontrolada e não se conformava com tanta desgraça. ”Encontrava a gente na rua e não parava de chorar.” 

Na verdade, desde que se conheceram, Schroeder e  Kirstein, sempre estiveram ligados profissionalmente. De início na firma que abriram na rua Assunguy, e logo depois na Sociedade Metalgráfica. É que um entendia de desenho e da técnica de impressionar a pedra e o outro da parte de impressão ", diz o filho Theodoro e confirma Leonardo Born. Esta ligação no entanto não chega a figurar nos editais mandados publicar em jornais de todo o Brasil pela Sociedade Metalgráfica no ano de 1954, que diziam em determinado trecho: ".... Em 1924 associou-se a um fabricante de decalcomania que, com o espírito de pioneiro Iniciava a produção deste artigo no Brasil".

Esta ligação amplamente reconhecida no depoimento de ex-litógrafos foi excluída mais uma vez no noticiário jornalístico por ocasião dos festejos comemorativos ao 125º aniversário das Fábricas Fontana que dizia, em entre outras coisas: "... interessante é registrar que esta indústria nasceu modestamente no Paraná e no Brasil em 1917, quando o senhor Germano Kirstein, técnico alemão e empregado da organização Fontana iniciou as primeiras experiências em um barracão no fundo de sua residência O senhor Fido Fontana na época, presidente da empresa ervateira, prevendo o futuro daquela indústria, associou-se ao senhor Kirstein, organizando, em 1924 a Sociedade Metalgráfica, que mais tarde incorporado as Fábricas Fontana. A previsão do senhor '. F. Fontana tornou-se realidade, pois, hoje as Fábricas Fontana, sob o comando de seu dinâmico e operoso filho, senhor Ildefonso C. Fontana, assessorado pelos senhores Gabriel Veiga, Humberto Sienenrok e Constante Moro, são consideradas a mais importante indústria de decalcomania da América do Sul e a qualidade de seus produtos só encontra similar entre as melhores congéneres dos país".

 Afirmando desconhecer alguma razão para o fato de que os jornais atribuíssem quase que só a Kirstein a introdução da decalcomania, Cesar Pinto Junior propõe: "o que pode ter acontecido é que o Kirstein tinha mais contato com a clientela e por isto foi mais conhecido. Porque o Schroeder trabalhava na parte de cima da fábrica e os primeiros contatos com os clientes eram feitos pelo Kirstein. Eu atribuo a isto. Agora mais não sei se ele era mais responsável que o outro ou se era o conjunto. Só sei que foram eles quem introduziram a decalcomania produto que já conheciam na Alemanha antes de virem ao Brasil. Eu acho que ali o trabalho e a responsabilidade dos dois era igual. Cada um no seu setor contribuía em Pé de igualdade para a expansão da firma". Constante Moro, por telefone, tenta explicar-nos rapidamente: "O Kristein chegou ao Brasil em 1912. Neste ano voltou a Alemanha, retornando em 1914, trazendo uma prensa de mão, com a qual, no ano de 1917 fez as Primeiras decalcomanias fabricadas no Brasil. Como não fosse desenhista, aproveitava desenhos trazidos da Alemanha ou então pedia a um litógrafo que lhe desenhasse. Mais !arde associou-se ao Schroeder, que passou então a desenhar estas decalcomanias no estabelecimento que abriram em sociedade, na Mateus Leme, esquina com Barão de Antonina". E especialmente sobre Schroeder, ele diz: "era muito bom gravador em pedra, uma arte só dominada no início por ele e por alguém da Impressora Paranaense. Era um bom profissional. Ele, Rômulo Cesar Alves e o Scrapp foram os melhores". 

A Kirstein o jornal Gazeta do Povo do dia 4 de dezembro de 1955 dedica uma matéria sob o titulo, "GERMANO HENRIQUE GUILHERME KIRSTEIN: BONS SERVIÇOS PRESTADOS AO BRASIL- OCORREU NOS ÚLTIMOS DIAS DE NOVEMBRO, O PASSAMENTO, NESTA CAPITAL DO SR. GERMANO HENRIQUE KIRSTEIN. 

Talvez que esse nome não possa significar muito para o nosso povo. Entretanto, constitui o nome de um dos pioneiros da indústria brasileira, atualmente situada dentro de um nível de progresso que a todos assombra inclusive ao próprio observador. De fato, G.H.G. Kirstein, imigrado da Alemanha em 1912, fabricava cinco anos mais tarde, a primeira decalcomania em bases industriais no pais. Em Curitiba, utilizando-se de laboratórios improvisados e maquinismos rudimentares, produziu o primeiro tipo de decalcomania a fogo, com a finalidade de ser utilizada em copos. Tinha como desenho, o retrato de Wenceslaw Bras, então presidente da República. Posteriormente, em virtude da alta receptividade daquele produto, já então na qualidade de fundador e diretor da fábrica Fontana, estabelecimento industrial altamente especializado e que, com o correr dos anos, transformou-se na principal e mais importante organização no gênero em todo o país. 

Para alcançar o ponto atingido por ocasião de seu falecimento, G.H.G. Kirstein viveu uma vida de cientista, com toda a sorte de dissabores. Experiências fracassadas, falta de matéria prima, ausência de auxiliares especializados e uma infinidade de obstáculos todos vencidos pela vontade e inteligência daquele digno cidadão. 

Nascido a 15 de janeiro de 1883 em Schweidnitz. Alemanha, Germano Kirstein chegou ao Brasil em 18 de janeiro de 1912. Depois de mais de quarenta anos de serviços úteis prestados a coletividade e ao Brasil, faleceu a 27 de novembro de 1955, deixando viúva a Sra. Stanislavva Kirstein, de cuja união teve dois filhos.

Outro recorte de jornal, (sem indicação de nome e data) guardado no álbum de recortes das Fábricas Fontana, sob o título, "Desenvolve-se a Indústria Brasileira de Decalcomania", inicia assim: "Rio,10 (FT) - O Brasil foi considerado, há pouco, o primeiro país de América do Sul na indústria de decalcomania, iniciada modestamente em 1917, no Paraná, nos fundos da residência do técnico alemão Germano Kirstein, em um barracão, a decalcomania rapidamente progrediu em quantidade e qualidade". E o artigo finaliza: "Procurado por um grupo econômico desejoso de criar uma grande indústria no ramo, o modesto técnico Kirstein aceitou a proposta e daí a nossa posição privilegiada no continente, em relação a este produto."

Nota do verso:
Durante certa época, os rótulos e embalagens de produtos industrializadas de grande consumo se constituíram num importante meio de comunicação popular. Através dos desenhos estampados nos rótulos e embalagens, a população tomava conhecimento não só dos modismos artísticos em voga, como também de uma visão — às vezes realista, às vezes onírica — do mundo.

A repetição constante de uma mesma imagem, durante anos, num mesmo produto, certamente haveria de criar uma nova imagem mental no consumidor, mais um dado referencial a ser compartilhado com outras pessoas. O assunto é vasto e permite um estudo até hoje não feito. Este Boletim, com uma precisa pesquisa de Rosirene Gemael para a exposição "Rótulos e Embalagens Antigas", inaugurada no dia 29 de outubro de 1975 na Casa Romário Martins, traz importantes subsídios para o estudo da influência deste meio de comunicação popular em Curitiba. 

VALÉNCIO XAVIER 


EDITOR: VALÉNCIO XAVIER
ARTE: MARIA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA SE LEME
GRÁFICO: ITAMAR A. MARTINS
PRAÇA GARIBALDI NP 7, 80 000 - CURITIBA
FONES: 23-2722 e 23-2584


SOLICITAMOS PERMUTA BOLETIM DA FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA
Nº 1 — DESEMBRULHANDO AS BALAS ZEQUINHA — V. XAVIER
Nº 2 — OS CAMINHOS DA PAVIMENTAÇÃO EM CURITIBA — R. GRECA
Nº 3— ROMÁRIO MARTINS — R. GRECA
Nº 4 — 3 CONTOS DE ARMANDO RIBEIRO PINTO
Nº 5— BENTO MUSSURUNGA — R ESELYS V. RODE RJAN
Nº 6 — MARIA BUENO — PEÇA DE ORACI GEMBA
Nº 7— O LAZER NA CURITIBA ANTIGA — V. XAVIER
Nº 8 — FREGUÉS DE CADERNO (ARMAZÉNS DE SECOS E MOLHADOS) — R. GRECA
Nº 9 — 3 CONTOS DE CLÁUDIO LACERDA
Nº 10— NOTÍCIAS SOBRE A IMPRENSA NO PARANÁ, ATÉ 1900— O. PILOTTO
Nº 11 — HISTÓRIA DE CURITIBA, EM QUADRINHOS — MOACIR CALESCO E. V. XAVIER
Nº 12 — CHICHORRO E SEUS CALUNGAS — NEWTON CARNEIRO
Nº 13 — PREMIADOS NO 1º CONCURSO MUNICIPAL DE CONTOS
Nº 14— LANCE MAIOR — ROTEIRO DO FILME DE SÍLVIO BACK

terça-feira, 11 de junho de 2013

A embalagem para a casa Romário Martins

Para a casa Romário Martins a exposição "Embalagens de Cigarro" marca o inicio da Semana do Colecionador. Por que esse tema para o lançamento da promoção? Não houve de nossa parte qualquer escolha. Decidimos que uma semana por mês colecionadores e pesquisadores determinariam a programação da CRM e foi isso que ocorreu. Herculano Martins Franco Filho e José Ricardo Pachaly foram os primeiros a se interessar nela promoção e nós acolhemos sua iniciativa.

O acervo que passamos a mostrar consta de novecentas embalagens de cigarro, de trezentas marcas diferentes. Há embalagens estrangeiras e nacionais, sendo interessante observar aquelas, de apelo popular, com cores, ilustrações, apelos de consumo e nomes peculiares como: TEFUMO, CRAQUE, SPUTINIQUE, SAMBA, ROMANCE, BEDUINO, SHOW, QUETAL; RINGO, CORINGA, MISBELA , VANGUARD, RAINHA, PARTICULARES e AMIGO.

Estas embalagens, encontradas pelos colecionado res especialmente em bairros bastante afastados do centro da cidade, diferem daquelas encontradas em clubes recreativos e defronte ao Teatro Guaíra, por exemplo, onde predominam as embalagens de cigarros estrangeiros ou nacionais com nomes estrangeiros dotados de ilustrações cuidadas, com muito dourado, evocando castelos, títulos de nobreza, ou brasões, como KING GEORGE, MONROE ou HILTON.

Segundo a origem, as embalagens expostas são classificadas em: Americanas – Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia, Estados Unidos e Canadá: Europeias - Inglaterra, França, Alemanha, Bulgária, Itália e Espanha: Asiáticas - Coréia, e Africanas - Líbano.

Entre as embalagens mais antigas, destacam-se aquelas de cigarro RI TIGRE e TRÊS BARRAS, que datam de antes da Guerra do Contestado (Observar na carteira a indicação de Três Barras, Paraná - Brasil) além de outras oito bastante plásticas, confeccionadas em Curitiba, no inicio do século, pelo processo de impressão litográfico: CIGARROS DARDANELLOS, TENNIS, ARACY, COMMENDADORES, ORLANDO e LOLA. Há ainda a embalagem em folha de flanders, em formato de estojo, do cigarro - EDEN, EXTRA MISTURA - com idade avaliada em torno de sessenta anos; e outras embalagens nacionais, de cerca de trinta anos, já desaparecidas do mercado como: CAPORAL, AMARELINHO , CIGARRO DAS AMERICAS, FARRAPOS e CRUZEIRO.

Corno aspecto curioso vale ressaltar as embalagens do cigarro INTERVALO, da fábrica Sudan S.A., ilustrada com fotografias de artistas - Glória Menezes, Lolita Rodrigues, Rogério Marcico, Valter Stuart - acompanhadas pela inscrição: "recorte e cole nas carteias distribuídas pela Sudan, para concorrer aos sorteios", e as embalagens brinde.  Entre essas últimas, há aquelas para consumo à bordo, distribuídas em aviões e navios, e a embalagem do cigarro HASTINGS, da fábrica Sudan, utilizada para promoção dos anéis de pistão Hastings, "projetados especialmente para mudança do seu motor".

Há ainda embalagens só para exportação, consumo interno, flip top box, de metal, estojos de luxo, e as carteiras que variam de setenta, oitenta e cinco, cem e cento e vinte milímetros, que ainda se subdividem em cigarros com ou sem filtro (ou ponteira ou cortiça). A enorme variação de embalagens demonstra claramente a sofisticação do público consumidor e do próprio produto, que assume características marcantes na economia nacional: segundo informações contidas no Caderno de Economia da Folha de São Paulo do dia 18 de janeiro de 1976, o IPI do fumo representou no primeiro trimestre do ano passado, 13,1 % da receita e 46 % do total de impostos recolhidos no país até julho de 1975.

Um detalhe final a ser observado na exposição que os colecionadores, apesar de trabalharem com embalagem de cigarro, não fumam, e que as embalagens americanas para exportação, assim como as brasileiras para consumo interno não apresentam nenhuma limitação em sua publicidade, ao contrário das americanas para consumo interno e mesmo algumas argentinas e colombianas. Que trazem impressos os avisos de: "Warning: the Surgeen General Has Determined that Cigarrette Smoking is Dangerous to your Health", ou então: "Caution. Cigarrette Smoking May Be Hazaudous to Your Health", sugerindo prejuízos causados à saúde pelo cigarro.

Para que a Semana do Colecionador não seja apenas outra exposição todos os meses, e dê resultados esperados, a CRM precisa contar com a resposta dos colecionadores e do público em geral. Avise-nos da existência de colecionadores e acervos particulares. E se você coleciona - embalagem de cigarro, mantenha contato com os colecionadores que expõe atualmente, na CRM: 

Herculano Martins Franco Filho (os dados de contato estão omitidos)

José Ricardo Pachaly  (os dados de contato estão omitidos)

O primeiro dispõe de cerca de setecentas embalagens de cigarro e o segundo em torno de quinhentas. Ambos estarão fazendo permuta no balcão de trocas durante a Semana do Colecionador e posteriormente em suas residências.

Nota: O texto não contém nenhuma indicação de autoria,  data, mas pelo contexto da exposição a autoria provável seria de Rosirene Gemael ou Valêncio Xavier em meados da década de 1970.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A embalagem para o publicitário:

Texto produzido por Ernani Buchmann, posssivelmente no ano de 1975, comentando um pouco sobre o papel dos colecionadores, e como a embalagem reflete algumas questões culturais importantes na construção e afirmação de identidades. Este texto está associado a exposição de 1975 sobre a litografia, e alguns dos rótulos de cigarro eram do processo. A digitalização do material datilografado foi feita por Alan Witikoski como material de referência para pesquisa.

A EMBALAGEM PARA O PUBLICITARIO:
 
A atração exercida por uma carteira de cigarros é indiscutível. Muito pouca gente consegue passar incólume pelo fascínio de uma carteira de cigarros, incluindo-se até: não fumantes, entre os que são subjugados pelas cores, pelo formato, pelo estilo deste objeto hoje tão representativo.

Mais o que uma embalagem, a carteira de cigarro chega, às vezes, a se transformar quase num fetiche, espécie de estrela no oceano dos objetos que trazem status.

Só ela - e não no seu conteúdo – é que traz em suas características apropriadas para envolver cada tipo determinado de personalidade. Uma carteira de cigarros pode nos dizer se o fumante do gênero esnobe, popular, destemido, modernos assim como na maneira de abrir nota-se o relaxado, o desligado, o compulsivo, o inseguro.

Tornou-se um símbolo, entre outros ao lado do automóvel, de um estilo de vida. Por exemplo, os cigarros Hilton mostram em quase todos os seus comerciais um Galaxie, ligado ao sujeito que fuma o cigarro em questão. Em compensação, os cigarros Arizona preferem ligar o "mocinho" do filme a um cavalo, sinal de destemor, do machismo. 

E o Marlboro, da terra de idem? Bom, este seguiu os passos do Arizona - em termos brasileiros - mas apenas na ambientação dos seus filmes publicitários. Enquanto o Arizona apela para um - tipo mais nacional Brasil, sem muita sofisticação, como é necessário a seu público de baixa renda, o Marlboro nos apresenta o típico oeste americano,  que se não fosse por outro aspecto, já seria pelo fato de que todos os filmes são produzidos nos Estados Unidos e apenas dublados no Brasil. Inclui também a tecnologia no Oeste - um exemplo: os helicópteros - criando a imagem que seus fumantes, também destemidos, são pessoas de sucesso na vida, indivíduos da classe em ascensão social.

Assim existem os Minister, os Carlton - do qual estou munido de um exemplar neste momento - os Hollywood, os Continental e centenas de outras marcas.

No entanto, a carteira de cigarros muito mais do que isso. Quantos e quantos já foram anotados ali, e perdidos por sujeitos que esqueceram que aquele pedaço de papel colorido trazia a única pista para encontrar uma mulher ou um amigo de velhos tempos. E os joguinhos sociais que as reminiscências de velhas marcas de cigarro permitem? Qual era a cor da embalagem dos cigarros Yolanda? E o formato do Liberty? E o preço do Columbia em 1956? A lista não tem fim.

Fico lembrando satisfeito daquele amigo que certa vez me deu um cinto todo feito com maços de Continental e Hollywood sem filtro. Por quanto tempo desfilei o meu orgulho com aquela tira colorida segurando as minhas calças de menino. 

Bilhões de cruzeiros são fumados todo dia pelos cinco cantos do mundo. Muita gente começa, assim como muita gente para se foi o último - de fumar a cada momento. Da mesma forma, muita gente tem por hábito colecionar carteiras de cigarro, um hobby bastante interessante.

Esses dois rapazes que hoje expõe, suas coleções de carteiras de cigarro na casa Romário Martins - José Ricardo Pachaly e - Herculano Martins Franco Filho - com certeza já foram obrigados a se abaixar centenas de vezes junto calçada pela simples visão de uma raridade. Para eles não há nada mais emocionante do que descobrir novas carteiras, receber exemplares do exterior e catalogar as que possuem.

São colecionadores e como tal qualquer esforço é válido. Para nós outros, mais afeitos a apenas abrir a carteira e fumar o vicio, a exposição de um acervo tão sui gêneris é uma experiência bastante agradável. 

No espirito puro dos dois jovens não esta em jogo a briga que a British American Tobacco (ou Souza Cruz, como queiram) desenvolve contra a Philip Morris e R. J. Reinolds pela conquista do mercado brasileiro. Nem interessa saber, por exemplo, quantos milhões de cruzeiros foram gastos no estudo da embalagem do novo lançamento, o Du Maurier, pela Souza Cruz (ou British American Tobacco, como queiram).

Para eles o principal é descobrir uma carteira do cigarro gaúcho Grenal ou do falecido Lincoln. Isso é que importa. 

ERNANI LOPES BUCHMANN, Chefe de Redação P.A.Z.,. Criação e Comunicação Ltda. e Ex-redator e chefe de Criação das agencias de propaganda cariocas SGE Publicidade e Promoções, LM Propaganda e IMC - Internacional Markting Cornmunications.